quinta-feira, 1 de março de 2012

Nostalgia (1983) - Andrei Tarkovsky




"Devemos voltar no ponto cujo tomamos o caminho errado"
"Que mundo é esse onde se suja a àgua"

É a neblina das lembranças, a névoa da identidade, o niilismo do ser e do mundo; eu lembro quando vi "O Espirito da Colméia (1973)" pela primeira vez, e tive mesmo a impressão de que após 97 minutos de filme, ao fim da pelicula, não lembrava mesmo, de nada que vi até ali, era como a experiência tivesse esvaido-se para fora da tela, mas não havia incorrido em mim. E agora tendo visto este aqui, sei que a contemplação é incerta - é a variavel do estado de espirito -, no entanto, é certo que é a constante do coração - é sim, esse o motivo do gosto pessoal -, e que quando valido é, sabe-se que valeu a pena.

Mais pessoal que Nostalgia é impossível - Tree Of Life pareceu brincadeira de criança, alias. Afinal, Tarkovsky vale-se do devaneio - puro onirismo por aqui -, ele fotografa seu filme com tonalidade sépia, steadicam em seu uso pleno, ele filma a agua e o fogo. E tudo é contemplação, tudo é a imagem em busca da reação e compreensão - não confundir com "entendimento".

É preciso entender que todo o filme é um paradoxo, e nunca realmente sabemos pra que lado o filme "pesa" mais. Nostalgia é dedicado à mãe de Tarkovsky conforme o letreiro final denuncia, e realmente soaria estranho que a obra pesasse ao lado misantropo da coisa (?).

Pelo menos para mim, os 125 minutos do filme passaram como um avião. Não se trata de um filme cujo o silencio é gritante, a quietude é histérica, e a lentidão é tépida. É um filme no qual tudo na verdade acontece à cada segundo.

É a obra de um cineasta com controle total sobre a mesma. Qual filme mais é capaz de tocar a platéia com o requiem da própria vida?

Nota: 7,0


















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