quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Corrida Sem Fim (1971) - Monte Hellman



É dificil analisar um filme como Corrida Sem Fim, e mais ainda, critica-lo negativamente, averiguar em seus discursos, o que o faz tudo ou nada, já que atrás de uma estória tão mediocre muitos acham, alguns sinceramente, outros com pura hipocrisia e puxa-saquismo devido à sua reputação, um filme cheio de significados, que pode se encaixar como retrato de uma geração.


Simples simples é a trama da pelicula: dois homens (cujo os nomes nunca são revelados), podendo se chamar Piloto e Mecânico, iniciam uma pequena 'rixa' com um estranho na estrada (também viajante, mas com rumo), nada violento, algo que acaba se tornando uma disputa - saudável, mas pouco discutida -, uma corrida até Washington, valendo seus carros e documentos.

Aqui, não há conflitos, pouquissímas palavras, e também pouco movimento (assim, seu nome traduzido por aqui pode ser muito enganador, como costuma ser, o vende mal), e o tempo passa, muito lentamente, e parece não conduzir a lugar algum, conte você mesmo as possíveis mudanças que parecem mudar os rumos  (como a chegada da garota, conhecida irônicamente como A Garota), que muito infelizmente, subverte suas expectativas para que algo aconteça, e simplesmente, não o faz, como o advento para um climax que não chega, nunca.

São 102 minutos que Corrida Sem Fim se projeta, começando e terminando exatamente no mesmo ponto, e o que isso poderia simbolizar? alguns apontam como alegoria à vida 'whatever, lest have fun' dos hippies da época, o seu enredo sem climax ou confrontos poderia também significar a descontrução inicial do que seria uma estrutura narrativa. E ao fim, um extremo vazio bate, e essa é a sensação de ter visto um nada, considerando que o discurso de Corrida Sem Fim é o mais redundante do mundo.

Os personagens de Corrida Sem Fim são inexpressivos e sem semblante, seus passados nunca são revelados e tampouco suas motivações, suas expressões permanecem no mesmo estado à cada segundo na tela, como robôs, que inexplicavelmente levam essa vida, e de alguma forma (que nunca chegamos a saber devido ao excesso enigmatico em suas auras), já leva à uma discussão subjetiva sobre estados de conforto, ou teorias existencialistas, que ainda nos leva à entender que os mesmos são simplesmente corpos niilistas.

Há bons momentos como a conversa entre O Piloto e o Motorista do G.T.O, cujo O Motorista do G.T.O começa a resmungar sobre seu aborrecido passado, e o Piloto, abruptmente o interrompe e diz que não quer saber, nem mesmo o olha ao dizer, e com os olhos na estrada, nos sugere que a mesma seria um caminho para novas experiências e aprendizados, e o passado, bem já foi, e pelo menos aqui, não precisar ser lembrado.

De resto, Corrida Sem Fim simplesmente são funciona como Cinema, e pode com certeza ser considerada como uma experiencia audio-visual não digna, é como a imagem sem movimento, personagens como cones, e a intenção ardilosa de disfarçar a sua condição oca, se auto-classificando como um retrato, uma fita definitiva sobre a tal geração, mas nunca o mesmo sendo o que se propõe, e finalizando-se com um fade-out com o fogo dilacerando a tela (claro, enalteceram a obra por causa do mesmo também), que pode ser somente um charme por parte dos realizadores, alguns se coçaram à dar simbolismos ao mesmo (não importante se há ou não). A geração hippie podia ser rotulada como vazia e sem rumo (e aqui, junkies? não mesmo, Corrida Sem Fim não toca no assunto), isso pode ser feito, e fora mesmo, mas com filmes melhores e muito mais funcionais.

Nota 4,0















4 comentários:

  1. cheguei até esse seu Blog procurando ler uma critica sobre esse filme estrelado pelos músicos James Taylor e Dennis Wilson(baterista do Beach Boys). hoje que fui ler a Biografia do Dennis Wilson, desse cabeludo,barbudo "insano", um rebelde que viveu a vida ao máximo, se entupindo de drogas,bebidas e amando muitas mulheres e gastando o seu dinheiro com tudo isso!! Dennis morreu na imensidão do Mar, que ele tanto amava e foi enterrado com honras Militares nesse mesmo Oceano que foi o seu 'caixão" e sua Apaixonada morada final!! Marcos Punch

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  2. Filme muito chato.Chatissimo. Sem pé nem cabeça.

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