quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O Rei De Nova York (1990) - Abel Ferrara




No mesmo ano do classico de Scorsese (Os Bons Companheiros), Burton e sua fábula de horror (Edward Mãos De Tesoura), Costner e seu oscariado (Dança Com Lobos) e pode-se considerar o comercial De Palma (Fogueira Das Vaidades), "O Rei De Nova York" ficou meio ofuscado pelos tais (definitivamente não ficando muito atrás dos mesmos, no quesito qualidade), hoje ganhou ares de 'filme cult', e suas qualidades irrepreensíveis o precedem.

Trata-se de uma estória que não abre muito espaço para quaisquer destaques, afinal, um ex-gangster sai da prisão, e agora se afilia à velhos conhecidos para reconstruir seu império, batendo de frente com a policia, gangues inimigas e milhares de incognitas que aparecem em seu caminho, sejam estas, pessoas suspeitas ou atitudes e situações. Ai está, um prato cheio para um ótimo filme de gangster de araque - muitos tiroteios, reviravoltas nada orgânicas, filosofia canastrona, bandidos imortais e policiais babacões -, e nesse ponto que "O Rei De Nova York" é simplesmente maravilhoso, pois não é nada disso, alias, ele é o conglomerado das qualidades citadas e muito mais.

É um prazer cinéfilo indescritivel vê-lo pela primeira vez, a sensação é de que cada segundo, é um só climax, tenso à cada minuto, mais que isso, estão aqui varias nuances que adicionam muito mais para a fita, e a tornam muito mais que um filme de policia-ladrão qualquer.

Dirigido por Abel Ferrara, bem conhecido por tratar de máfia, drogas, crime e tudo que possa girar em torno disso, "O Rei De Nova York" por muitos é dito como sua obra-prima, o mais essencial de seus trabalhos, talvez até mesmo a pintura que define seu portfólio.

A maior carta na manga aqui, sem duvida é o personagem protagonista Frank White, atuado aqui magistralmente caralhosamente maravilhosamente por Christopher Walken, que merece essas hiperboles e muito mais, pois além, de toda proposta inicial que o cerca - talvez como assassino brutal, galã, desmiolado,   quase maluco de pedra -, proposta essa, quase que é totalmente desconstruida nos momentos finais, onde é revelada as mais profundas de suas facetas, já enigmaticas por conceito  - assassino frio e encrenqueiro que ao mesmo tempo simplesmente faz de tudo, para levantar um hospital à sua vizinhança, não se conformando com o status quo de sua cidade.

Há violencia, sim, muito palavrão, também, mas tudo é empregado de forma não convencional, pois os rumos também não são, e se você pensar, por um segundo que trata-se de um filme onde só são sacrificados figurantes e coadjuvantes, estará você redondamente enganado, "O Rei Nova York" atira para todos os lados, e definitivamente, atesta que o ambiente é fatal, para ambas as figuras, e nenhuma dualidade certo-errado, céu-inferno, vai impedir que haja óbitos para qualquer quem esteja no fogo cruzado.

Não bastando todas as virtudes supracitadas (em maioria, os detalhes que o diferenciam como enredo), tecnicamente, é um dos filmes mais lindos da década de 90, e pode sim, ser equiparado aos maiores do gênero, aos figurões, aos "big shots" (expressão muito utilizada no tema), aqui, muitas cenas são filmadas em locação, de noite, e o tom azulado toma conta da tela, é muito lindo de se ver, não importando o que acontece na projeção - seja tiroteio, calmaria, sexo, consumo de drogas -, o azul sempre em mesmo tom (um tanto escuro), nada de matiz ou degradê, e fica simplesmente único, normalmente ao som de hip-hop, nada muito kitsch idem, apenas único.

Uma pena que "O Rei De Nova York" não fora tão assistido como deveria, discute a existencia dependende lei-desordem, une tiroteios dos mais insanos á coragem abrupta de sacrificar quem for, Walken como animal muito racional, que une semblante até meio indiferente mas sempre atento e calculista.

Obra-prima? talvez; Obrigatório? com certeza.

Nota 8,0










Um comentário:

  1. É provavelmente meu favorito do diretor. Coisa de mestre!

    http://cinelupinha.blogspot.com/

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