segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A Mulher faz o Homem (1939) - Frank Capra



Pode ser visto como pura utopia ou embuste que qualquer trama com um pingo de verossímilhança traçe os caminhos de enredo como A Mulher Faz o Homem (1939) o faz, mas aqui Capra é o arquiteto, e a armadilha mágica dele mais que funciona.

Frank Capra: diretor consagrado dos chamados feel-good movies, aqueles filmes com final feliz que dotam de artificios duvidosos para que o espectador tenha aquela sensação maravilhosa de ter presenciado uma estória extraordinária, daquelas dignas de serem vividas por nós mesmos, normalmente com discursos formulaicos de superação, injustiças e bons personagens centrais.

Esse aqui desenrola-se à partir dessa premissa: um ingênuo (à principio) rapaz do interior dos Estados Unidos, chamado Jefferson Smith (pelo sensacional James Stewart) é convidado a ser senador do país, e então viaja para Washington, pouco à pouco começa a ver bem além da superficie - das aparências exteriores da coisa -, e se descobre no meio de uma trama de corrupção e amoralismo por parte das outras pessoas do meio, e nesse emaranhado enredo se envolve com Clarissa Saunders (Jean Arthur, ótima) sua assistente e começa à ser movimentar em prol de suas ideologias éticas e morais, que parecem inviáveis a serem realizadas, mas motivado pela memória de seu pai - no caso apenas citado - e pelos seus principios, agora luta à desmascarar os corruptos do meio.

Não trata-se de um filme de virtuosidades técnicas, e sim deve-se mérito para Capra na direção, no que diz respeito à interpretação artistica e poderosa do roteiro de Lewis R. Foster e Sidney Buchman, extraindo do script boas atuações e personagens fortes - ah... escolhas felizes de elenco -, direção excepicional de atores, garantindo uma ótima mise-en-scene dos mesmos, e captando ângulos marcantes.

Assim como A Felicidade Não Se Compra (1946), do próprio Capra, alguns exageros tomam conta da tela, tudo em prol do discurso mais eficiente da situação recorrente, daqueles pra fisgar o espectador, valendo-se de - monólogos longos e destacados de seu personagem central, mensagem final mais que explicitia, maniqueísmo em altas doses e o sempre declarado final feliz; esses supracitados, não exatamente defeitos, mas sim artificios rasteiros, que obviamente dão muito mais força à narrativa, mas ainda sim truques fáceis para que isso aconteça, no caso deste aqui, o efeito poderia ser mais impelido pela longa duração - primeiro ato letárgico.

E a maior qualidade da fita é a dosagem perfeita entre filme politico e tratamente adequado aos personagens, então nada fica de segundo-plano, tudo é bem explorado e forte, e o roteiro é tão bom que não ultrapassa o limite do aceitável no que se refere a verossímilhança, ao contrário por exemplo de Tropa de Elite 2 (2010) de Padilha, tudo que vemos segue orgânico e compreensível, o enredo segue uma linha tênue do que pode parecer "mentiraiada" e "viável", felizmente, esse aqui cai aos lados do ultimo.

Nota: 8,0
































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