domingo, 19 de fevereiro de 2012

O Chicote e o Corpo (1963) - Mario Bava




Obra-prima. Pra começar a escrever sobre o filme de Bava, deve-se ter certeza que trata-se de um filmaço. Completissímo - eficiente em todas as vertentes de sua proposta, transita de lá aos sensoriais e aos psicológicos da coisa; que é preciso estudo de personagens, e tem o mais atmosférico cenário possível, assim ambos elementos se complementam, em prol do Cinema que remete-se aos das sensações. No fim das contas quem ganha somos nós.

Se passa no século XIX - em um castelo de aura soturna e sinistra como palco (em um território não especificado), essencial para dar espaço estética que Bava queria -, no qual um membro da familia - que lá reside -, filho do agredado volta ao lar e passa a aterrorizar os mesmos, até que em certa noite é encontrado assassinado no próprio castelo, mas no melhor estilo fantasmagórico, seu espirito (?) passa a fazer aparições diante dos seus relacionados.

O filme de Bava é extraordinário; a essencia é deveras superior ao que possa se considerar um simples 'whodunit', mas sim, um sensorial jogo psicológico, do tipo vampiresco da mente e psique, que perpassa os limites apenas da narrativa (ainda que interessante), a diegese (como roteiro e escrita) é peixe pequeno perto das maravilhas que a manipulação da imagem e sonoplastia podem transmitir - especialmente aqui; filme das nuances audio-visuais, tão estimadas - trilha sonora apuradissíma, iluminação com luzes coloridas -, até os mais primários artificios que o genêro permite - ruídos do vento (uso constante), câmera subjetiva.

* Maravilhosamente exclui o mais rasteiro trejeito do genêro: sustos faceis.

Brincadeira séria - em algum momento, realmente me passou pela cabeça os desenhos de Scooby-Doo (palco labirintico e de fantasmas) -, ao que soa, o filme de Bava pode ser experimental (vide Rabid Dogs). E é curioso observar que o pano de fundo do filme é primeiramente um conto de rixas familiares - e veio me na cabeça por um instante, Gosford Park (Altman) e como percebi como aquele realmente parecia uma insossa brincadeira de criança.

Como não poderia deixar de ser, aqui os personagens são essenciais - e felizmente também são magistralmente interpretados  -, o personagem chave da pelicula certamente é o "fantasma" Christian Menliff - no qual Tony Kendall caira como uma luva (expressão fria, semblante pálido).

Infelizmente pouquissímo visto, senti-me na necessidade de escrever sobre essa obra-prima. Divertissímo e surpreendente; a sensação após o fim do filme foi de satisfação plena, a que sempre desejo sentir como cinéfilo irrepreensível que sou.

Nota 9,0

















Nenhum comentário:

Postar um comentário